Pergunta: Deus está escondido? Por que ele simplesmente não se revela visivelmente em algum momento, e cala os céticos de uma vez por todas?
O que o meu amigo Richard queria, solitário em seu quarto às duas da madrugada — o que o astronauta soviético queria, quando, pela escotilha, procurou por Deus no espaço escuro fora de sua nave espacial — é (para aqueles que ainda anseiam) o ansioso desejo de nossa era. Queremos provas, demonstrações, uma aparição pessoal, de modo que o Deus de que ouvimos falar se torne no Deus que podemos ver.
Aquilo que ansiamos aconteceu uma vez. Durante algum tempo Deus em pessoa realmente se revelou, e um homem conversou com ele face a face assim como conversaria com um amigo. Eles se encontraram, Deus e Moisés, numa barraca armada logo ali fora do acampamento israelita. O encontro não foi secreto. Sempre que Moisés se dirigia para a barraca para conversar com Deus, todos os israelitas se ajuntavam para ver. Uma coluna de nuvem, a presença visível de Deus, impedia a entrada na barraca. Ninguém, à exceção de Moisés, sabia o que se passava lá dentro; ninguém queria saber. Os israelitas haviam aprendido a manter distância da divindade. "Fala-nos tu, e te ouviremos", disseram a Moisés, "porém não fale Deus conosco, para que não morramos." Após cada encontro Moisés surgia refulgindo; as pessoas tinham de esconder o rosto até que ele se cobrisse com um véu.
Naqueles dias havia pouquíssimos ateus, se é que havia algum. Nenhum israelita escreveu peças teatrais sobre esperar um Deus que jamais chegava. Eles podiam enxergar as provas visíveis da realidade de Deus fora da barraca do encontro ou nas espessas nuvens de tempestade que pairavam ao redor do monte Sinai. Um cético somente necessitava fazer uma caminhada até a trêmula montanha, e ver por si mesmo.
No entanto, o que aconteceu durante aqueles dias é quase um desafio à credulidade. Quando Moisés escalou a montanha sagrada, tempestuosa devido aos sinais da presença de Deus, aquelas mesmas pessoas que haviam sobrevivido às dez pragas do Egito, que haviam atravessado o mar Vermelho a seco, que haviam bebido água de uma rocha, que naquele momento estavam digerindo em seus estômagos o milagre do maná — aquelas mesmas pessoas ficaram aborrecidas ou impacientes, rebeldes ou ciumentas e aparentemente esqueceram tudo acerca de seu Deus. No momento em que Moisés desceu da montanha, estavam dançando como pagãos em volta de um bezerro de ouro.
Deus não brincou de esconde-esconde com os israelitas; eles dispunham de inúmeras provas objetivas a respeito da existência de Deus. Mas, surpreendentemente — e eu mal podia acreditar nesse resultado, mesmo quando o lia — a orientação objetiva de Deus parecia produzir exatamente o oposto do efeito previsto. Os israelitas reagiram não com adoração e amor, mas com medo e rebelião aberta. A presença visível de Deus nada fez em termos de aperfeiçoar uma fé duradoura.
Trecho retirado do livro "Decepcionado com Deus" de Philip Yancey - Editora Mundo Cristão
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